O futuro do turismo, com Nina Giglio da WGSN

Gerações de viajantes e o futuro do turismo

Baby boomers, millennials, gerações X, Y, Z… Enquanto a sociedade se transformava em uma sopa de letrinhas e ganhava termos complicados, o consumidor evoluiu. Hoje extremamente independente e com acesso ilimitado a praticamente qualquer tipo de informação, nunca foi tão importante estudar a fundo seu comportamento e compreender o que, de fato, distingue os hábitos de compra de uma pessoa nascida na década de 1950 daqueles apresentados por outra dos anos 2000, por exemplo.

No Turismo, esta realidade não é diferente. Saber desenhar qual seu perfil de passageiro, levando em conta  aspectos como personalidade, faixa etária, estilo de tomada de decisões – no momento de formatar um pacote são fundamentais para escolher a experiência diferenciada que tanto procura. O consumidor moderno deixou para trás aquela aura de ostentação que antes era vinculada a viagens e, acima de tudo, está mais interessado em colecionar lembranças – tendência esta que veio para ficar e tem revolucionado a forma como o consumo de viagens tem acontecido no Brasil e no mundo.

Pensando nisso, o Segue Viagem bateu um papo exclusivo com Nina Giglio, executiva de Marketing para a América Latina da World Global Style Network (WGSN), bureau britânico líder mundial em previsão de tendências, sobre o futuro do Turismo. Confira abaixo!

SV: Destinos e pacotes turísticos “tradicionais” ainda agradam muita gente, mas é nítido que tem crescido o número de interessados em viver uma experiência diferenciada, que promova uma verdadeira imersão no destino. De que maneira utilizar esta “reviravolta” na forma de consumir viagens?

Estamos realmente vivenciando um movimento em que os viajantes, especialmente os millennials, buscam cada vez mais experiências diferentes. É interessante entender o que pode ser oferecido como opção para este público: experiências com guias locais, acomodações que lembrem casas típicas e a sensação, ao voltar, de que se viveu como um nativo, descobrindo lugares frequentados pela população e ainda desconhecidos do grande público. É preciso ter em mente que, atualmente, a autêntica experiência de viagem vem do conhecimento pessoal – e local – obtido no destino.

SV: Quais são as principais diferenças na forma como baby boomers e as gerações X e Y pesquisam e/ou compram viagens?

Os baby boomers serão a principal força nas viagens de lazer ao longo dos próximos 20 anos. São fortes usuários dos programas de fidelidade e milhagem e contam fortemente com a ajuda profissional na hora de planejar as férias. Já a geração X não tem o poder aquisitivo dos boomers, mas exerce grande influência nas decisões de compra, é extremamente ligada à família e focada em obter a melhor relação custo/benefício em viagens multigeracionais (que acolhem diversas faixas etárias).  Por outro lado, a geração Y (ou millennials) gosta de se conectar com outras pessoas e compartilhar experiências online, apresentando um perfil de gastos mais modesto. É interessante ressaltar também que este é um grupo que vem ganhando papel de dominância no segmento de viagens a trabalho.

 SV: Preço x qualidade: quem ganha esta disputa ao considerar os diferentes perfis dos viajantes?

Ganha a melhor relação entre os dois. Quando falamos especificamente de boomers, trata-se de uma geração que, teoricamente, tem mais dinheiro e tempo para gastar, posicionando as viagens como o principal foco de seus gastos. Em contrapartida, a geração X, a que mais investe no quesito férias, tem uma série de compromissos financeiros – próprios e com a educação dos filhos, entre outros – e, por isso, procura uma boa relação custo-benefício, maximizando o relaxamento da maneira mais econômica possível. No que diz respeito aos millennials, são pessoas que, além de terem novas prioridades, como carreira e filhos pequenos, cresceram durante o período de recessão global, o que impactou decisivamente suas atitudes em relação ao dinheiro.

SV: Um levantamento feito em 2015 pela organização norte-americana AARP, que divulga práticas saudáveis e serviços para pessoas acima de 50 anos, apontou que os baby boomers têm, aos poucos, voltado a consumir turismo, interessando-se principalmente por viagens em família. Contudo, cresce também o número de pessoas que têm intenção de viajar sozinhas – segundo dados de 2016 do Ministério do Turismo, 17% das mulheres entrevistadas tinham planos de viajar desacompanhadas. Como explicar este cenário tão discrepante? 

Os baby boomers são um grupo etário no qual convivem realidades muito diferentes; daí justifica-se o crescimento de sua participação nas viagens em família e, também, o desejo de viajar sozinho. Alguns boomers já são avós e estão envolvidos em roteiros com filhos e netos – a expectativa é de que 21 milhões de pessoas dessa geração viajem com outras este ano. Vale considerar ainda que, apesar de apreciarem viajar com a família, muitos são solteiros (viúvos, divorciados, separados ou nunca casados) e buscam aproveitar esta fase da vida em que têm mais tempo para conhecer novos destinos. Neste caso, eles buscam viagens fáceis de realizar desacompanhados, com ofertas que zelem pela sua saúde e segurança.

 

Você sabia?

Ainda tem dúvidas sobre quem faz parte de cada geração? A gente resume para você:

Baby boomers: nascidos de 1946 a 1964.

Geração X: nascidos de 1960 a 1980.

Millennials/geração Y: nascidos de 1980 a 2000

Geração Z: nascidos a partir do ano 2000.

 

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